No rádio, Dilma usa Lula para falar de 'campanha suja' do rival; Serra mantém ataques
Na primeira propaganda eleitoral voltada ao segundo turno, Dilma Rousseff (PT) levantou o escudo contra ataques e pôs o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ar para falar de "campanha suja" do adversário, enquanto José Serra (PSDB) continuou com seus ataques e também com a estratégia de ocultar a figura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Com dez minutos de programa (39 segundos a menos que antes), Dilma adotou o "discurso família" na expectativa de estancar sua queda na parcela religiosa do eleitorado.
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Embora a palavra "aborto" não tenha sido mencionada uma vez sequer, no tempo de qualquer um dos candidatos, a polêmica em torno da prática deu o tom desta manhã.
Um dos apresentadores diz estar com "indignação danada", pois Dilma estaria sendo "vítima da campanha mais suja que já se viu".
Numa reedição da última semana antes do primeiro turno, o presidente Lula diz que está "vendo acontecer com a Dilma o que aconteceu" com ele: rivais do "submundo da política dizendo que ia fechar igrejas e mudar cor da bandeira".
Ele ressalta que, no final das contas, a gestão petista trouxe "mais escolas e mais liberdade religiosa".
Como em sua derradeira propaganda de TV antes do 4 de outubro, Dilma afirma que concorre ao Planalto com "uma campanha em defesa da vida".
Também rechaça "mentiras" e "ataques pessoais".
Em sua primeira fala, ao "começar o segundo turno agradecendo a Deus", ela busca afiançar que não está disposta a abraçar causas que contrariam o eleitorado religioso.
Nas últimas semanas, a candidata se viu às voltas com boatos que põem em xeque sua posição de "boa cristã". Circulam no boca a boca e por redes sociais, por exemplo, que ela teria dito que "nem Jesus Cristo" a impediria de vencer no primeiro turno.
Para a segunda fase da disputa, a tática da campanha dilmista é comparar os últimos 16 anos do Brasil: uma espécie de a.L. (antes de Lula) e d.L. (depois de Lula).
Diz o locutor: "É momento de aprofundar respostas, comparar e confirmar o que o Brasil já disse nas urnas: que não quer voltar ao passado".
De olho no eleitorado de Marina Silva (PV), que conquistou quase 20% dos votos válidos no primeiro turno e ajudou a empurrar a corrida presidencial para um segundo turno, a campanha martela que 67% dos eleitores já se decidiram por uma mulher no Planalto.
A propaganda também fala em "falsas promessas" dos rivais. O objetivo é estancar crescimento de Serra baseado em propostas de difícil execução mas grande apelo nas camadas mais empobrecidas da sociedade, como salário mínimo de R$ 600 e reajuste em 10% das aposentadorias.
Dilma ganha afagos de governadores eleitos da base aliada que tiveram votações expressivas no dia 3 de outubro. São eles: Eduardo Campos (PE), Jaques Wagner (BA), Sérgio Cabral (RJ) e Tarso Genro (RS).
A propaganda estreia um "quadro especial" voltado ao núcleo familiar. Ele serve para reafirmar bandeiras de Dilma, como os projetos Bolsa Família, Luz Para Todos e Minha Casa, Minha Vida.
Voltam à cena, ainda, propostas já apresentadas na primeira fase da disputa: 2 milhões de moradias, melhorar o sistema de saúde com 500 novas UPAs (unidades de pronto atendimento), 6.000 creches e escolas e policiamento comunitário.
PSDB
José Serra comemora os 33 milhões de votos que o levaram ao segundo turno.
Pelo menos no rádio, a campanha tucana não abaixa o tom contra a candidata do PT.
"Não se pode colocar na cadeira alguém que a população não sabe o que é, o que pensa", diz o locutor.
Serra vê os números sob ótica diferente da campanha rival: na narrativa tucana, 55 milhões de eleitores passaram o seguinte recado: "Eu não quero Dilma".
Um jingle antigo, que ligava Dilma ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, despachado do cargo na esteira dos escândalos do mensalão, em 2005, agora levanta dúvidas sobre a religiosidade e a capacidade de gestora da petista.
"Quando Dilma deu as ordens/ Foram a Jesus/ Aumentou o caos aéreo/ E a conta de luz", diz a primeira parte.
Em seguida: "Toc, toc, toc/ Bate na madeira/ Dilma e Zé Dirceu/ Nem de brincadeira".
Os locutores também caçoam de empreendimento que Dilma tocou nos anos 90.
"Você sabia que dona Dilma já teve lojinha de produtos importados de R$ 1,99. E daí que o negócio fechou?"
A "lição" vem na sequência: "Quem não sabe voar não devia pular da ponte".
Serra ressalta conquistas que implementou ao longo da carreira, mas não cita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ministro do Planejamento e da Saúde.
Editoria de Arte/Folhapress
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